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Opinião Granjense: Bolonha

sábado, março 25, 2006

Bolonha

Antes de mais, quero deixar umas palavras de agradecimento aqueles que me fizeram o convite para ser editor neste blog. A eles, um muito obrigado muito especial, e a todos os leitores a certeza de que tudo farei para aumentar a qualidade deste espaço.

Para começar a minha participação, decidi começar com a escrita de um artigo sobre um tema muito actual na nossa sociedade, e que afecta muito dos jovens granjenses actualmente.

Até os menos informados, já terão ouvido falar da famosa Convenção de Bolonha.

No dia 19 de Junho de 1999, os ministros da educação e ensino superior dos países da EU, reunidos em Bolonha, chegaram a um acordo para tentar criar a “universalidade do ensino superior europeu”. Esse acordo deu origem a chamada convenção de Bolonha.

E o que se pretende através deste acordo? Em primeiro lugar, que os estudantes europeus possam “vaguear” pelas universidades europeias, tendo um currículo comum, dentro do seu curso, e que os cursos sejam uniformizados para o aluno não perder equivalências ao mudar de universidade dentro do espaço europeu.

Bolonha vai trazer também mudanças ao nível da estrutura dos cursos, assim como ao nível do financiamento. A Convenção defende que cada curso seja composto por dois ciclos, um primeiro de 3 a 4 anos equivalente a uma licenciatura, e um segundo de 1 a 2 anos, correspondente a um mestrado. Ao nível do financiamento, o que se sabe ate agora, é que os alunos do primeiro ciclo irão ter que pagar, no mínimo, a propina máxima actual, e os do segundo ciclo terão ainda maiores encargos financeiros, pois alem da propina ser muito maior neste ciclo, não se prevê nenhum apoio estatal para este ciclo.

Analisando um caso específico, veremos como Bolonha irá afectar um estudante de engenharia. A Ordem dos Engenheiros de Portugal tem como método de acreditação dos seus filiados, que um engenheiro só pode entrar para a Ordem concluindo com aproveitamento um curso de ensino superior de 5 anos. Com a Convenção de Bolonha, um aluno pode ser licenciado numa engenharia ao fim de somente 3 anos, não sendo por isso, aceite pela Ordem respectiva. O fundamento consiste no seguinte, ao fim de 3 anos, um aluno de uma licenciatura numa engenharia não se encontra preparado para exercer a profissão de Engenheiro, pois, por muito que se tente, o ensino do primeiro ciclo, é um ensino muito geral, sendo os conhecimentos específicos para uma engenharia adquiridos somente no segundo ciclo, obrigando aqueles que desejam ser engenheiros acreditados pela ordem a frequentar o segundo ciclo do ensino superior, e aqueles que não podem despender o esforço financeiro significativo necessário para o frequentar, virão para o mundo de trabalho sem os conhecimentos inerentes ao exercício da profissão.

Este é um dos muitos aspectos de Bolonha, sendo impossível numerá-los aqui todos, deixo uma série de links para quem desejar obter mais informações sobre este tema.

Documento Original da Convenção de Bolonha:

http://www.mces.pt/?id_categoria=12&id_item=1029&action=2

Links úteis:

http://www.ualg.pt/npfcma/docs/bolonha/lourtie_bases.pdf

http://nei.dei.uc.pt/2006/03/08/notas-da-discussao-sobre-bolonha/

Para concluir, Bolonha não se pode parar, mas também não é o grande monstro de sete cabeças, trás algumas vantagens muito importantes para o ensino superior, e é por essas vantagens que os actuais e futuros estudantes universitários se devem bater, assim como lutar contra as injustiças que Bolonha acarreta.