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Opinião Granjense: Bar Musical

sexta-feira, abril 14, 2006

Bar Musical


Casa da Música – O ano em que a memória deixou de ser um pesadelo


Cumpre-se hoje um ano sobre a abertura de portas da Casa da Música (CM), no Porto. Pela primeira vez desde que o projecto foi lançado, em 1999, a retrospectiva não é um exercício melindroso, já que, se agora há vários factos positivos a apresentar, nomeadamente no que toca a actuações musicais, público e impacto social, antes de Abril de 2005 a memória era um fardo, carregada que estava de convulsões - entre a sucessão de presidentes e a derrapagem financeira, passando pela dificuldade em chegar a um consenso estável sobre a pessoa certa, que hoje é Pedro Burmester, para o lugar certo, o de director artístico.

Daqui a dizer que depois da tempestade veio a bonança é apenas um saltinho, ainda que se saiba que, desse por onde desse, o primeiro ano haveria de ser exemplar, não só por ser o mais determinante para envolver a população no projecto da CM, mas também pela responsabilidade que sobre ele recaía de espantar os fantasmas do passado. Assim se compreende que entre o staff da instituição o espírito seja de "ano zero".

A um olhar frio, os números, tal como o algodão, não enganam. E aí são firmes os argumentos da CM, começando pela relação entre os eventos promovidos - 387, o que representa uma média superior a um por dia - e os espectadores registados - mais de 250 mil (sendo que, destes, 183 531 assistiram a concertos, 42 mil integraram visitas guiadas e vários milhares estiveram em iniciativas extra-portas ou de entrada livre).

Dos 387 concertos e actividades educativas realizados desde Abril do ano passado, 360 foram programação própria, o que espelha uma certa renitência da CM, pelo menos para já, em aceitar propostas vindas de fora - que as houve, e não terão sido poucas. Eis um aspecto a rever para o futuro, se a instituição quiser funcionar ao lado de outras estruturas de produção, independentes ou não, e não numa lógica de concorrência.

A distribuição dos eventos privilegiou a Sala 2, com 46%, enquanto a Sala 1, sendo a maior e mais emblemática, ficou com 36%. Os restantes 18% decorreram noutros espaços, a exemplo do foyer, do parque de estacionamento ou da praça exterior, na Avenida da Boavista.

Em categorias musicais, divididas muito genericamente, a não clássica - que inclui pop, rock, reggae, jazz, soul, funk, fado, electrónica, world music, etc. - abrangeu 29% da programação, mais um ponto percentual do que a clássica, ficando 6% para a contemporânea, ao passo que as actividades educativas chamaram a si 37%. Já no que respeita às taxas de ocupação, cuja média global foi de 76%, a clássica teve 69%, a não clássica 73%, a contemporânea 56% e as actividades educativas 95%.

Até à próxima...