Grande entrevista, com Carlos Vicente!!!

Opinião Granjense (OG) – Ora nos queríamos começar a entrevista, com a sua apresentação, porque há muitas pessoas que moram na Granja não conhecem a comunidade envolvente, devido aos novos focos criados aqui que trouxeram gente nova de fora e o Blog é um espaço aberto a todos.
Prof. Vicente (PV) – O meu nome é José Carlos Vicente, sou treinador de futsal com o nível dois, que para quem não sabe dá habilitação ate à 2ªC Nacional; Treinador de futebol de 11 nível 1 que dá habilitação a qualquer camada jovem ou distritais. Enquanto professor estou aqui desde 1989, sou licenciado em Filosofia ramo de formação educacional, sou treinador de futsal desde 92, e nestes 13 anos desde que fundei o futsal aqui na escola porque estive na origem dele. Foi por minha sugestão que a direcção fundou o Futebol de 5 que era o nome na altura. Desde esse momento ganhei 15 títulos distritais: 5 da região centro aqui da escola, estive em meias-finais nacionais, ganhei em todos os escalões masculinos e femininos e no desporto federado já vou no 6º ano consecutivo. Também em 6 anos ganhei 6 campeonatos, três taças da AFC e desses 6 campeonatos este tem a particularidade de ser em Leiria apesar da nossa equipa estar filiada na AFC e também a nível de camadas jovens consegui chegar a uma meia final com o SCP e não fomos uma vez a uma final porque substituídos pelo Freixeiro que nos ganhou devido ao golo “avérage” e que depois foi campeão. Sou também responsável aqui pelos cursos nocturnos.
OG – A principal razão estarmos aqui é o futsal qual é o segredo do iph ter sempre equipas vencedoras?
PV – penso que as vezes é uma falsa questão, as pessoas dizem que nos temos aqui a vantagem de ter aqui selecções, pois eu lembro às pessoas que se fizerem as estatísticas das escolas, basta das da região de Coimbra, somos das escolas que tem menos alunos ou seja menor número de recrutamento. O futsal torna-se a modalidade mais praticada porque também devido à falta de um pavilhão as condições propiciam a isso. Não temos mais modalidades colectivas devido a isso mesmo (falta do pavilhão). As pessoas começam a praticar o futsal desde cedo, em 92 ganhámos o distrital e o regional, os sucessos influenciaram o futuro e motivaram. Quem joga sabe das motivações e da história e os princípios estão incutidos no meio, as pessoas têm todas uma visão ganhadora, e isto não e fácil, porque as pessoas têm que pensar que só ganha uma equipa, que felizmente tem sido a nossa na maior parte das vezes, quer comigo, quer com o professor Pedro, quer com o professor João que teve uma época de ouro, uma das três, mas essencialmente eu e o professor Pedro. Principalmente devido à atenção e às variáveis do jogo. Escolas com mais alunos há muitas, mas temos que trabalhar mais, e é bom saber que muitas das pessoas que frequentaram o desporto escolar estão hoje bem na vida mesmo sem terem frequentado o superior e são pessoas disciplinadas e raramente tiveram problemas disciplinares. Com o nosso trabalho tentamos marcar mais golos que o adversário sempre pelas vias legais e correctas.
OG – Onde pensa que pode chegar o futebol feminino a nível escolar?
PV – As pessoas vêem qualidade, amigos meus diziam este fim-de-semana que o pavilhão de Soure só encheu a jogarem lá equipas nossas, quer com o Dom João V quer com o Freixieiro ou Scp. Quando se obterem resultados a partir do respeito por todos e das qualidades meramente desportivas, as pessoas gostam e vão ver. Nas raparigas começa a acontecer o mesmo! Não nos esqueçamos que Alfarelos à 4/5 anos esteve na divisão de honra e ficou à frente da AAC com 8/9 miúdas aqui da escola que eu tive oportunidade de orientar.
OG – Temos um modelo perto aqui o Dom João V, quer a nível de gestão, quer a nível desportivo aqui na escola, pensa que se poderá atingir o mesmo patamar que eles atingiram alguma vez?
PV - O Dom João V cresceu não tendo clubes à volta, neste momento eles concentram-se essencialmente nas camadas jovens e isso tem várias implicações nomeadamente a nível dos seniores, porque agora jogam pelo Sporting de Pombal. Devido também às implicações económicas que isso acarreta, note-se que a Associação do Louriçal, já tem um futsal muito próprio, e que se esta a formar com um dirigismo, muito bem formado acerca do que é o futsal. O presidente da Associação do Louriçal é professor de Educação Física, tem o 2º nível de futsal, porque são pessoas que sabem bem o que é o desporto. Gostaríamos de no futuro chegar lá acima, crescer também com qualidade, mas note-se isso é preciso muito investimento, trabalho, esforço, e as pessoas pensam que é fácil ganhar… eu também a nível de dirigismo tive a sorte de trabalhar com as pessoas certa. Penso que a escola não deve fugir muito ao desporto escolar, este ano federamos a equipa de infantis porque não haveria outra hipótese delas crescerem, e praticarem desporto. No futuro procuraremos ter sempre aqui boas equipas!
OG – quais os apoios que existem nas equipas do Pedro Hispano?
PV – este ano federámos a equipa e a Câmara apoia, a escola apoia imenso, os apoios escolares normais, tudo se faz de muito boa vontade, de uma grande aposto do Dr. Simões Cardoso, e da direcção desta escola. Sem isso não teria crescido o desporto como cresceu.
OG – acha que existe competitividade aqui na zona em relação às equipas? Acha que tem aumentado?
PV – Não me queria pronunciar muito, as pessoas podem concluir por elas, farão os paralelismos que queiram fazer, mas estando o Pedro Hispano a apostar principalmente no feminino embora também tenham o masculino apostando também nos juvenis, ganharam os jogos todos, estão bem orientados, são miúdo com muito nível, jogam em selecções de Coimbra e alguns na AAC. Não tendo nos os escalões abaixo dos juvenis, está-se a reflectir um bocado no meio e neste momento a capacidade de lutar por títulos distritais está um pouco limitada. O Marcelo teve aqui uma boa equipa, ele e o Valter sabem o que estão a fazer, merecem todo o meu respeito, não foram à fase final ou por golo “averáge”, ou por um ponto, mas é a única equipa que se se mantiver poderá aspirar a alguma coisa se lhe garantirem o futuro, com um ou mais reforços.
OG – Aqui na escola, como no último jogo tiveram de ir jogar a Soure, e noutras situações, acha que o pavilhão tem tido e tem importância relevante e também no futuro, a partir do momento em que se criar um pavilhão, acha que vai haver explosão desportiva aqui na região envolvente?
PV – Quando eu aqui cheguei e comecei com o futebol de 5 em 92, havia um polidesportivo de cimento feito com muito esforço, depois disso começou-se a crescer e com uma política municipal de implantação de polidesportivos nas várias freguesias, julgo que isso ajudou e solucionou a falta de espaços para a prática do futsal, e penso que isso melhorou a qualidade. Todas as entidades, entre jogadores, treinadores, dirigentes, etc. Estão todos consciencializados de que para haver futuro na modalidade terá que existir um pavilhão!
OG – Porquê o estarem a competir no distrito de Leiria e não em Coimbra e porque é que o futsal em Coimbra não está tão desenvolvido como em Leiria?
PV – O futsal feminino sempre foi o parente pobre da Federação Portuguesa de Futebol, nos torneios de futsal feminino captam-se jogadores para a selecção de futebol de 11. Ainda agora a selecção empatou 0.0 com a fortíssima selecção do México, o que denota excelente trabalho. Neste momento está extinta a selecção feminina de futsal, para que se possam recrutar à vontade jogadores para a selecção de Futebol de 11.
Nos aqui na escola trabalhamos a longo prazo por isso a equipa de infantis vai durar até 2010, e queremos obter resultados de excelência desportiva. O desporto escolar não é só por si solução para estas jogadoras embora os nossos objectivos passem por ai.
OG – Objectivos a curto, médio e longo prazo?
PV – Conquistar um título nacional.
OG – Qual o futuro da equipa júnior da escola?
PV – Uma equipa excelente que não terá se calhar tantos valores individuais como as infantis, mas que colectivamente são muito fortes. Lembro que nestes anos ganhámos 5 títulos distritais, 2 regionais, mas faltou-nos o pormenor na meia-final do nacional, é a sorte, é o futebol.
Queremos sempre um projecto de entrar no 5º ano para o desporto e sair no 12º. Não podemos andar ao sabor do vento, a pensar se no ano seguinte vai haver ou não futsal. Nós aqui não trabalhamos assim, aqui garantimos apoio, ajuda, as juniores são exemplo disso: são um projecto com anos, e as vezes pensar que alguma vez poderei deixar aquele grupo, dá-me até vontade de chorar, um grupo que nunca perdeu um jogo
A equipa até poderia estar a jogar o distrital de Juniores em Leiria mas isso seriam 30 e tais fins de semana e a escola hipotecaria se calhar a existência de outras equipas porque se tornava incomportável, com as infantis garantiram-nos que seriam só 6/7 fins de semana e não mais que isso, por isso é que avançámos. Fomos também inaugurar não só o primeiro campeonato de infantis em Leiria, mas também o de Portugal.
OG – A nível pessoal quais são os objectivos?
PV – Para mim é um prazer ser treinador principalmente, e o prazer tanto se tem treinando miúdos ou graúdos. Agora no futuro com outras instalações, com o apoio das pessoas, podemos fazer algo mais, porque o principal é ter estabilidade.
Penso que com condições poderemos pôr aqui uma equipa na 3ª divisão, e os nossos jogadores não terão que ir para fora por vezes até lutar por objectivos que não são condignos com o que eles valem. Não me imagino a orientar outras equipas fora desta área geográfica que é onde tenho os meus amigos que são 99% da população e são vocês alunos.
OG – Como forma os seus alunos, não só para o desporto, mas para a vida?
PV – Penso estar bem por dentro das causas que levam a comportamentos menos correctos, e que não são ajustados ao fenómeno desportivo, e sendo eu professor de filosofia mesmo aí tento aplicar os conhecimentos para que os alunos sejam melhores e sejam bem formados. Em primeiro lugar acompanho sempre o percurso escolar, libertando sempre as pessoas para estudar quando precisam.
Mensagem final:
Gostaria de deixar uma mensagem final a todos os nossos alunos, a todos os pais, a pessoas que directamente ou indirectamente estão ligadas a esta escola, à direcção da minha escola e aos meus colegas, dizer que todos devemos contribuir para uma sociedade melhor, somos nós todos que temos valor, uma sociedade em que o ser humano esteja acima de tudo e o desporto seja uma mera forma de prazer e de lazer para o equilíbrio relativamente ao esforço mental que produzimos todos os dias, a todos um abraço, a todos uma palavra de apreço e que todos contribuamos para uma melhor sociedade. Mais uma vez para direcção da minha escola, um “Muito Obrigado”, sem eles nada disto seria possível, se a opção deles não fosse pelo aluno não fosse pela possibilidade de formar melhor, portanto ao Dr. Simões, à Dra. Hélia, ao Dr. Lourenço peço para continuarem. Obrigado a eles e obrigado a todos.
Agradecemos ao professor Vicente o facto de se ter disponibilizado para nos dar esta entrevista
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