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Opinião Granjense: Chegou o dia, finalmente…

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Chegou o dia, finalmente…

Chegou o dia, finalmente… Já começava a afligir-me o que se vinha passando no meu país, afinal éramos quase os últimos dos países europeus que ainda não tínhamos chegado a esta conclusão.

Não achava nada normal depois de tantos anos de repressão (que felizmente não vivi), que as mulheres portuguesas ainda vivessem sob essa repressão, apenas porque a natureza lhes deu o direito de serem mulheres, por terem esse maravilhoso dom que é dar à luz, o dom de gerar um filho. Era no meu país, que a mais triste das consequências desse dom que dava origem a um enorme sufoco. Um sufoco que viveu na penumbra dos 20 mil abortos clandestinos todos os anos, das mais de 350 mil mulheres que na clandestinidade da sua vida pública recorreram ao aborto por medicamentos vendidos de forma ilegal, por vezes no mercado negro, sem contar com aquelas que naquela altura tinham que recorrer a meios ainda mais clandestinos, ávidos de condições de higiene, de meios clínicos de emergência e por isso punham em causa a sua própria saúde. Assim o demonstram as 780 mulheres que chegaram aos nossos hospitais (só em 2006), vitimas deste flagelo que muitos tentaram encobrir, dizendo-se defensores da vida…

Sofriam ainda essas mulheres a humilhação pública, o risco da condenação à pena de prisão efectiva (ainda que as instâncias internacionais obrigassem os nossos tribunais a ter algum cuidado na efectivação dessa pena), transformada em prisão preventiva, como quem queria dizer, – se voltares a errar prendo-te. E as mulheres podiam ir mesmo para a prisão, tal como os assassinos, os ladrões ou os burlões, elas eram consideradas criminosas.

Era algo inaceitável nos dias que corriam… Ainda por cima era um processo social e economicamente injusto, pois eram os mais carenciados que recorriam a aos piores meios, dado que os de maior posse faziam-no em clínicas no estrangeiro com todas as mordomias médicas. Naquela altura, eram os mais carenciados que alimentavam a economia paralela da teia do aborto clandestino que, de acordo com dados da Associação de Planeamento Familiar alimentava com 750 mil euros por ano uma “indústria” que, para além dos danos psicológicos e físicos identificados, ainda podia causar e causou inúmeras vezes, lesões cervicais, perfuração uterina ou intestinal, infecções de vária ordem, ansiedade, depressão, casos de infertilidade permanente da mulher ou em circunstâncias mais graves, a própria morte da mesma…

Não fazia sentido continuarmos assim... As famílias sem condições económicas e sociais adequadas ao desenvolvimento de um filho, não lhe conseguindo proporcionar uma vida digna, não lhes era permitido poder praticar um aborto em perfeitas condições de segurança, que assim obrigava a viver em situações deploráveis, com famílias altamente sobrecarregadas, sem recursos… Ou então recorrer à parteira da esquina e fazer aquilo que já na juventude dos meus pais lhe chamavam “desmanche”.

Hoje não é assim, agora oferecemos mais um tributo à humanização da sociedade, permitimos a escolha, respeitamos as diferenças de opinião e conquistámos mais um passo na modernidade…

Finalmente chegou o dia…




P.S.: Esta descrição é completamente ficcionada, e simula a sensação de alguém de descreve o nosso presente como se ele fosse passado...

É sem dúvida um sinónimo de esperança e grande optimismo, numa melhoria da nossa sociedade depois do dia 11 de Fevereiro de 2007...

Para isso este texto pretende estrear a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez no nosso blog. E enquanto já muito se falando deste assunto na nossa sociedade, e enquanto se vão levantando cada vez mais dúvidas acerca do tema... Fica aqui um pedido muito pessoal, coloquem as vossas perguntas, esclareçam todas as vossas dúvidas, Prós e Contras PARTICIPEM…

Rui Pedro Roque

(Dirigente Nacional e Distrital da JS)

1 Comments:

Blogger RTL said...

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